20 agosto 2011

Sentimentalismo

Noite adentro, madrugada fria, os olhos ardendo - de sono, de tanto chorar, e de forçá-los no escuro para escrever este texto - cá estoy yo, ponderando sobre a vida, e seus rumos.
Tenho andado com a cabeça cheia.
Despendi tempo refletindo sobre a despedida de um parente próximo, sobre outros problemas familiares, sobre um relacionamento afetivo conturbado, sobre pequenas pendências, e planos...
Preciso tomar um banho de mar, mas anda muito frio. Preciso de um banho de chuva, também. Quero também atravessar o tradicional ritual de passagem: cortar o cabelo! Dizem que nossas memórias estão presas nos fios, e cortá-los contribui no desapego, esquecimento, afastando o sofrimento. Como breve conhecedora do assunto, não deixarei minhas madeixas no salão.



Quando você REALMENTE PARA para pensar (pois pensar por pensar, pensamos todo dia), realiza sinopses neurais incríveis e, consequentemente, descobertas absurdas!
E, como bom entendedor, você entende que o que realmente vale a pena não é aquele corpo injetado "perfeito", aquele cabelo loiro e liso, aqueles olhos azuis-céu, aquela pele impecável, aquele sorriso mais branco que o leite, as unhas feitas, as sombrancelhas em dia, aquele limite do cartão disponível bem alto, aquela imensa dedicação ao emprego, aquela conta gorda no banco, o carro quitado, aquela casa de campo com piscina, aquele lacinho na orelha do cachorro, ou aquele sapato in-crí-vel, e blá-blá-blá - não que algumas dessas coisas não sejam boas ou não tenham lá o seu valor - mas importa mesmo o que você verdadeiramente FAZ com elas, como tira proveito disso tudo, como vive - com ou sem isso.
Suas experiências, seus contatos, suas interações com pessoas, bichos, objetos e lugares contam muito mais.
E, falando nessas experiências, desejo mochilar para buscar novos lugares, pessoas, culturas, experiências.
Já tinha tido essa vontade há muito tempo e, recentemente, ela se renovou com a ciência de que uma amiga fará algo nesta linha. Quero começar pela América do Sul. Realizar o sonho de conhecer Machu-Picchu. E sem um montante de grana.
Quem me acompanha?
Aguardo renovações na vida. O ciclo continua.
E agora tudo tende a andar pra frente, rodar, acontecer, melhorar! Consideravelmente
.



"Há poucas pessoas que eu ame de verdade, e menos pessoas ainda de que eu tenha boa opinião. Quanto mais eu conheço o mundo, mais me sinto insatisfeita com ele; e a cada dia se confirma a minha crença na incoerência de toda personalidade humana, e na pouca confiança que podemos depositar na aparência de mérito ou de razão."
(Orgulho e Preconceito, Jane Austen)


Até...

Beijo beijo,
Bui Spinelli


P.S.: Para ver as imagens em tamanho maior, basta clicar nelas.

 
Crédito das imagens: Todas divulgação (Oráculo Google)
Crédito das montagens: Mon coeur en flammes

Vida

Esta semana foi com lágrimas nos olhos que fui obrigada a me despedir de um ente querido. É estranho perceber que as pessoas se vão, não importa o que a gente faça. Simplesmente. E com muita tristeza e pesar, vi minha mãe chorando. É horrível vê-la assim, pouquíssimas vezes a vi chorando, e posso imaginar a dor dela.
Dia 16 de Agosto, dia do nascimento da minha mãe e, vinte e cinco anos depois, o nascimento da minha irmã, que veio trazendo alegrias e reacendendo esperanças, depois de um triste episódio semelhante na família. Perda. Do tipo que, segundo palavras de minha própria mãe, parece que a dor nunca vai passar, que você nunca mais vai sorrir de novo, e que somente o tempo mesmo é capaz de remediar. No desejo certo de nunca mais comemorar o aniversário, Deus deu um jeitinho de transformar esta ideia da minha mãe: comemorando o aniversário de sua primogênita, o seu próprio acaba por ser comemorado por todos, que sempre deram um jeito de cantar parabéns e fazê-la soprar a velinha rosa num bolo da Turma da Mônica.
Pois bem, a ausência vai sendo preenchida com o tempo, com as boas lembranças, e a certeza convicta de que estão todos bem, de que vamos para um lugar melhor, ao lado do Pai Eterno.
E, quando menos se espera, a roda da vida continua seu percurso, trazendo uns, levando outros. É difícil aceitar a básica regrinha de nascer, crescer, se desenvolver, se reproduzir, envelhecer, e manter o ciclo da vida como "deve ser".
É claro que sabemos que essas coisas podem acontecer, mas sempre lutamos contra essa ideia, e sempre somos pegos de surpresa. No início da tarde, foi como um tapa na cara que soubemos do fato.
Em pleno 16 de Agosto,  que em casa estaríamos, normalmente, festejando, brincando e comemorando mais um ano de vida e a sua renovação, o clima é outro.
Me sinto encarregada de "animar", na medida do possível, as aniversariantes. Principalmente minha mãe. Mesmo que eu não saiba como agir em tais situações.
Meu Tio partiu deste mundo. E o que mais me assusta é que nunca perdi um tio, desde sempre eles estiveram lá, todos os irmãos do meu pai e todos os irmãos da minha mãe, sempre. E a sensação é de que sempre estariam. Não pode ser diferente.
Se leva tempo para aquele "click" acontecer. Minha ficha, acredito, caiu verdadeiramente quando estávamos no carro, a caminho do litoral, para a última despedida. Chorei.
Leva-se tempo para cair em si, acreditar na realidade absurda de que não se tornará a ver alguém que estaria ali, presente.
A dor é incontestável.
Você começa a digerir a ideia de que alguém faleceu, você vê lágrimas no rosto de sua mãe, e passa a repelir qualquer ideia de alguma perda semelhante que causaria um sofrimento ainda maior.
É quando se passa a dar valor ao que realmente importa, a perceber que o importante é viver, é não deixar de fazer o que se quer, não adiar planos, pois o nosso tempo é finito. Bens materiais têm sua importância, fazem parte, mas vale mais mesmo as relações que a gente constrói e leva. As experiências vividas.
Embora trite e um tanto quanto desencantada, me esforço para recordar as boas lembanças, dos bons momentos, e espero conseguir guardar mais claramente somente as memórias alegres. Quero recordar o homem que carregou sua irmã caçula, minha mãe, ao altar; que pegava a mim e à minha irmã pela cabeça, levantando-nos do chão, sem quebrar nossos pescoços; quero guardar o homem que tinha um ciúme danado de suas irmãs e, depois, de suas sobrinhas...; que era engraçado, carinhoso, sinceríssimo e que, acima de tudo, tinha um bom coração.
É estranho imaginar e duro de acreditar, até que se vê.
Como disse meu primo, parecia mais uma de suas pegadinhas, parecia que ele levantaria a qualquer momento, gritando e assustando a todos propositadamente...
Como é ruim perceber que não o verei de novo.
Noite longa, madrugada fria, e o amanhã que não chega.
Hoje, racionalmente, sei que não o verei de novo, que você não vai mais acordar, mas emocionalmente, ainda é uma dura realidade, difícil de encanrar.
Só quero que saiba: eu te amo!
Que Deus ouça as preces de todos aqueles que lhe querem bem, e tome conta de você com carinho. Amém!
Feliz Aniversário, minhas Nêgas.
Bui