09 dezembro 2011

Devaneios meus: Jejum de chocolate


Chocolate. Eis aí uma de minhas grandes paixões.
Inspirada pelo atual momento que atravesso, pelos exemplos de amigas, e outros motivos, resolvi fazer um jejum. Não uma promessa, dieta, ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente um jejum, para manter meu autocontrole, desapego, desfazendo-me de algo a que esteja habituada de tal modo, que sua ausência me faça verdadeira falta. E para, de certo modo, me dar conta da pequeneza de nós, seres fracos e limitados, quando comparados à imensidão do Cara lá de cima. Logo, optei pelo chocolate, que consumo praticamente todos os dias, seja em pó no leite, seja em pedaços de barra, seja em brigadeiros, bombons, trufas e afins, seja em bolachas, sorvetes, bolos e derivados. E não é fácil.

Esta é a terceira vez que faço o jejum, emendando esta tentativa na segunda.
A primeira vez em que tentei, há uns cinco meses, acabei por quebrar o jejum ao final do quinto dia, sem querer. Passei todos os cinco dias consciente do jejum, sentindo falta e vontade às vezes, mas passando bem por ele. Até que à noite, no quinto dia, fui com um grupo de amigos a uma pizzaria, comemorar o aniversário de um deles. Quando passou, já no final da noite (logo, já não era fome, vontade, nem nada; mal estava me lembrando da existência do chocolate e do meu jejum, distraída na conversa) a pizza de chocolate, nem me lembrei de nada e, automaticamente, aceitei um pedaço, mantendo a tradição do grupo (sempre que vamos à Casa da Pizza, a saideira é a pizza de chocolate, que é divina-magda viu). Depois de certo tempo, duas amigas sentadas de frente para mim aceitaram a pizza de chocolate.
Choque. Gelo. Arrependimento. Decepção.
Caiu a ficha, e me lembrei que não estava comendo chocolate... e que havia acabado de comer. Vendo minha expressão de pasmem, susto, dor, choque... minhas amigas perguntaram o que eu tinha e, decepcionada comigo mesma, contei. Elas levaram na brincadeira, para que eu não ficasse me sentindo mal, e disseram algo na linha “Ah, mas agora já foi... fica assim não, deixa quieto, esquece...”. Acabei desistindo, ali, desse jejum. Comi outro pedaço de pizza de chocolate e, para arrematar a noite, um pedaço de bolo de chocolate caseiro na casa de um dos amigos do aniversariante.
Esta foi a primeira tentativa.
Passados três meses, mais ou menos, decidi tentar novamente. E estava indo melhor do que da primeira vez, sentindo menos vontade, quase nenhuma falta. Orgulhosa de mim mesma. 
Incrivelmente, de novo no QUINTO dia, algo transformou o rumo deste meu plano.

Levantando um pouco atrasada, não tive tempo de preparar um lanche para levar para a faculdade pela manhã, então peguei uma bolacha recheada mesmo, que havia no armário, coloquei na mochila e nem raciocinei, nem atinei para os fatos. Recheada de que sabor? Exatamente. Pois bem, como levantei atrasada, nem café da manhã tomei, apenas meio copo de leite puro e gelado, que não me sustentou por muito tempo. No meio do caminho já estava com fome e, chegando à faculdade, o estômago não me deixava esquecê-lo.
Faltando uns poucos minutos para começar a aula, sentei num banquinho e, tranquilamente ouvindo música, comi algumas bolachas das que levei, para aliviar a fome. Até aí, estava sossegada. Abri o pacote, li a tabela nutricional para passar o tempo enquanto comia, e tive ainda a pachorra de ler “CHOCOLATE” no pacote sem me tocar. Guardei o restante e fui para a aula, totalmente alheia aos fatos.
Depois de um tempo, em meio a uma conversa sobre comidas com as amigas, é que deu aquele gelo. Lembrei.
Foi como um clique. Só fiz aquela cara e soltei um “você não vai acreditar” para uma delas, que deu um sorrisinho na tentativa de me animar, dizendo “você quebrou o jejum” e, com minha resposta afirmativa, ela tentou amenizar a situação, me dizendo que, como foi sem querer, não tinha problema.
Pois, olhando bem, é justamente aí que está o problema.
Se fosse uma coisa sobre a qual eu tivesse pleno controle e tivesse decidido, tivesse feito conscientemente, com certeza teria me sentido menos culpada e decepcionada.
Isso prova o quanto somos fracos e pequenos, o quanto temos de estar o tempo todo nos policiando e nos vigiando, até mesmo para um mísero chocolate, imagine só para outras coisas. São como vícios?!
Fiquei chateada, pois não queria mesmo fracassar nisso.
Naquele dia, no intervalo, terminei de lanchar as bolachas de chocolate. Era o que eu havia levado, e não iria gastar dinheiro na cantina, já tinha quebrado mesmo.
Esta foi a segunda tentativa.
Será que meus jejuns não passam de cinco dias? Pensava: "O dia em que completar um mês, juro, será uma vitória pessoal!"

Estava na luta, pessoas.
No dia da bolacha, acabei comendo outras do pacote, conscientemente. Mas, fora as bolachas, resisti aos demais chocolícios a minha volta.
Isso foi no final de Setembro. No dia seguinte a este episódio, já emendei uma nova tentativa de jejum.
Estava como os alcoólicos anônimos: contando os dias em que estava "limpa". Com fé, cheguei lá. Meu objetivo, neste primeiro jejum (pela terceira tentativa, mas ainda o primeiro jejum) era atingir trinta dias de abstinência de chocolate.
E consegui! Porque querer é poder! E eu posso!



Até a próxima,
Beijo beijo
Bui Spinelli

P.S.: Para ver as imagens em tamanho maior, basta clicar nelas.


Créditos das imagens: Todas Divulgação (Oráculo Google)
Crédito das montagens: Mon coeur en flammes

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