09 dezembro 2011

Recomendo: A Hora da Estrela


Clarice Lispector escrevia com muita subjetividade, e sempre em questão de momento, de modo que ela mesma não relia seus próprios textos. Tal subjetividade permite uma interpretação pessoal de cada passagem do livro, de acordo com as vivências, experiências e crenças dos leitores.
Embora já tenha virado um tanto “modinha” não significa que seus escritos tornaram-se piores ou melhores por isso. Mais pessoas conhecendo seu trabalho e cultivando-o também não é garantia de que estas reconheçam a grandeza e a multiplicidade de significados da obra de Clarice Lispector.
No ensino fundamental eu já havia visto a peça de teatro do livro “A Hora da Estrela”, e tentei lê-lo, mas desisti. Desta vez, quando fui ler, já conhecia a história, seu ápice e seu desfecho. Mas não desisti da leitura, e fui até o fim.
Não é uma leitura fácil e rápida. Apesar do livro ser pequeno, não é o que se pode chamar de tranqüilo.
É cansativo e demanda muuuuita atenção, senão se lê no automático, sem qualquer interpretação válida.
O livro tem um narrador, o escritor semi-paranóico e indeciso Rodrigo S. M. que, no meio dos seus problemas e de sua mediocridade, decide escrever a história de Macabéa, uma nordestina, Alagoana, tola, sem opinião e sem conteúdo para se discorrer numa conversa. Seus diálogos são vazios, sem emoção, com parcos significados que ela mesma desconhece.
A personagem tem gostos, desejos e prazeres. Ela os reconhece. Mas é submissa demais para lutar por eles, seja para mantê-los, seja para alcançá-los.
Os demais personagens também são descritos sem grandes extensões, de modo que são limitados e, em alguns aspectos, até caricatos. O próprio personagem-narrador o é.
Quem quiser tentar analisar a leitura por suas próprias idéias, imaginando as intenções da autora e as possíveis conexões e extensões dos personagens, boa leitura. Já quem não é de muita subjetividade, significados aleatórios e narrativas ordinariamente não influentes, passe longe.
Não quero desmerecer a obra, não vou, e nem posso!, mas não leria de novo.


Até a próxima,
Beijo beijo
Bui Spinelli

P.S.: Para ver as imagens em tamanho maior, basta clicar nelas.


Créditos das imagens: Todas Divulgação (Oráculo Google)
Crédito das montagens: Mon coeur en flammes

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