Sabe aquelas experiências pelas quais você passa que te tiram da sua
zona de confoto? Pois bem, esse livro é de uma realidade tamanha que mexe mesmo
com o leitor.
Brenda Rickman Vantrease escreve
com fidelidade aos costumes medievais, descrevendo passagens que me
impressionaram e deixaram boquiaberta, pela brutalidade animalesca dos homens
do século XIV.
O romance “O Mestre das
Iluminuras” se passa na Inglaterra feudal, e conta a história do mestre Finn,
viúvo e pai da doce e encantadora Rose, que vai com ela passar uns tempos sob a
hospitalidade de Lady Kathryn, viúva de Sir Roderick, e mãe dos gêmeos Alfred
(um cavaleiro forte e destemido) e Colin (educado, inocente e religioso).
Finn se muda para a
propriedade de Blackingham a pedido da Igreja, e sob proteção desta, pois está
realizando trabalhos de iluminuras para o Evangelho. Mas, “por baixo dos
panos”, ele trabalha secretamente pintando uma tradução do Evangelho de São
João para o Inglês, a pedido de John Wycliff, considerado pela Igreja um herege
por disseminar as Sagradas Escrituras em outro idioma que não o latim.
Misturando personagens
fictícios com personalidades históricas, a autora dá vida a esta trama que
envolve amor, traição, arte, religião e política (monarquia) para o povo
camponês, o da nobreza, e o do clero, numa história realmente envolvente.
Demorei para ler o livro,
achei um pouquinho extenso e complicado no início, quando o leitor tem que se
ambientar com os vários cargos da Igreja. Temos bispos, arcebispos, abades,
papas...
Mas depois disso o livro se
desenrola, e eu recomendo.
As pessoas eram grosseiras
na época, e a autora não esconde isso, mas o faz de uma maneira sutil, onde
muitas vezes algo asqueroso fica subentendido, não precisa explicar com todas
as letras.
E em outros momentos fica
clara a maneira polida das pessoas comportarem-se, o que para mim é o grande
ganho dessas histórias antigas, onde há muita cortesia, até para criticar e ser
grosseira, as pessoas eram delicadas e sutis.
Vemos-nos num filme,
imaginando todas as cenas com clareza, e ainda assim as descrições não são
cansativas.
O livro foi bem mais do que
eu esperava. Me surpreendi positivamente. E recomendo.
Ei,
Hollywood, pode rodar, que a gente vai para a estréia viu!
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